sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Banheiro seco

O verdadeiro trono

Sanitário compostável lembra que o cocô do pasto não é o único bom para a plantação. O seu também é!

.: por Lia Bock :.
Jornalista e parceira do IPEC

Há alguns anos o mundo vem falando, aqui e ali, sobre os sanitários compostáveis. Nesse meio tempo muita gente torceu o nariz ou simplesmente não deu muita bola. Mas hoje, quando o problema está todos os dias nos jornais, os sanitários secos ganharam, finalmente, o status que merecem. Eles já estão consolidados como tecnologia social para viabilizar o cocô sustentável há algum tempo, mas só agora assumiram o trono.

Para quem está embarcando hoje neste assunto, uma rápida explicação: os sanitários compostáveis transformam os problemas dos esgotos e do desperdício de água das descargas em solução para o solo. É uma forma eficiente de evitar que litros e litros de água limpa sejam misturados aos excrementos humanos. Neles, os dejetos (líquidos e sólidos) vão sendo depositados em uma câmara fechada e, com tempo e temperatura adequados, tornam-se um excelente adubo orgânico.

Não é exagero dizer que puxar a descarga do vaso sanitário convencional é ver descer esgoto abaixo nossa tão estimada água. E com ela um potencial adubo orgânico gratuito. Para quem ainda acha estranho tamanho apreço pelo cocô humano vão algumas informações. Um dado de 2005, fornecido pelo pesquisador americano Joseph Jenkins, mostra que o mundo gasta em média 90 bilhões de dólares com adubação química por ano. Se utilizássemos nossas próprias fezes, esse dinheiro poderia ser empregado de forma mais útil e o solo ficaria livre dos químicos. Além disso, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informa em seu site que uma privada gasta em média entre 10 e 14 litros de água por descarga, podendo chegar a consumir 30 litros quando está desregulada.

A primeira pergunta que a maioria das pessoas faz com relação ao sanitário seco é: mas e os coliformes fecais? Os patógenos? O sistema do sanitário compostável pressupõe a aniquilação de todas as possíveis doenças presentes nas fezes. Nosso sistema digestivo funciona sob a temperatura de 37 graus e a melhor maneira de acabar com essas doenças é subir a temperatura. A experiência mostra que se a temperatura do recipiente onde ficam guardadas as fezes for de 50 graus, em um dia os patógenos estarão todos mortos. Como o ideal é deixar as fezes armazenadas entre três e seis meses, não há risco de contaminação.

Nesse processo não se produz poluentes, não se desperdiça água potável e ainda há um respeito pelos ciclos naturais. O que vai sair do seu reservatório de fezes, nada tem a ver com o seu cocô. Meses depois, o que haverá ali é húmus. Um material orgânico decomposto, que forma a base da vida no solo. Alguns podem ter esquecido, mas somos animais! O húmus eleva a capacidade de absorção de água do solo, fornece nutrientes importantíssimos e favorece as ações de microorganismos essenciais para a vida na terra.

gora você pergunta: mas e o cheiro? Toda vez que alguém usa o trono joga uma porção de serragem (terra ou folhas secas) por cima. Isso elimina o cheiro, evita insetos e ainda absorve a umidade. Mesmo depois de um simples xixi a serragem é importante para evitar odores. Quando está cheia, sua câmara de compostagem deve ser fechada para os meses recomendados de decomposição. É por esse motivo que você precisa de duas câmaras (enquanto uma decompõe, a outra é usada) ou de câmaras móveis, que são levadas para decompor em outro lugar quando cheias.

Como montar um forno para esquentar as fezes e mantê-la na temperatura certa não é nada sustentável, o ideal é que se use o sol para cumprir esse papel. No IPEC, as câmaras dos sanitários são voltadas para o norte, onde o sol bate durante o dia todo. Para ajudar mais nesse trabalho, as faces das câmaras foram pintadas de preto e foi aberto um respiradouro (com tela para que não entrem insetos) para que os gazes possam sair.

No começo, muitas pessoas estranham. Nada mais normal, já que vivemos em um mundo de hábitos arraigados. É preciso manter a tampa do sanitário seco sempre fechada para que insetos não entrem e, depois, saiam tendo colocado as patinhas no seu cocô. Também é preciso manter o estoque de serragem a mão. Pequenos cuidados com as quais qualquer um se acostuma.

O sanitário compostável do Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado foi finalista do prêmio Tecnologia Social 2005, promovido pela Fundação Banco do Brasil. Hoje, seis sanitários estão em funcionamento, fornecendo húmus às plantações. O material retirado das câmaras pode ir direto para o solo, ou pode passar algum tempo no minhocário, tornando-se ainda mais potente. Ele merece ou não merece o trono?

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Tempos pós-modernos

Caríssimos

Em breve conversaremos no curso sobre a concentração de renda na pós-modernidade. Mas já queria comentar uma notícia que saiu nos jornais. Os 400 indivíduos mais ricos dos EUA atingiram uma renda total de 290 bilhões de dólares.
De acordo com esses dados, os 400 americanos mais ricos têm uma renda 448,2 vezes maior do que o PIB de Serra Leoa, um país com 5 milhões de habitantes. Só o Bill Gates é 91 vezes mais rico que o país inteiro. E, ao contrário dos ricos americanos, o PIB de Serra Leoa caiu um média de quase 5% ano ano durante toda a década de 90 do século passado.
Mais não precisamos ir à África. Os 400 indivíduos no topo da cadeia alimentar americana tem mais renda que a maior parte dos países da Europa.
Mesmo na "América", a concentração tem assustado. No último quarto de século, a distância entre os ricos e os pobres se tornou ainda muito maior. Desde 1979, a renda familiar média dos estadunidenses aumentou 18%, enquanto a renda do 1% mais rico da população subiu 200%. Para se compararem as diferenças, veja que, em 1970, os 20% mais pobres recebiam 5,4% da renda e os 20% mais ricos, 40,9%. Vinte e cinco anos depois, os mais pobres dispõem de 4,4%, enquanto os mais ricos elevaram sua parcela para 46,5%.

Tempos pós-modernos

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Manual do Arquiteto Descalço na Internet

Caríssimos,

Segue um link para uma versão em PDF do "Manual do Arquiteto Descalço". Por ser em PDF dá para imprimir apenas as partes que interessarem mais diretamente. Vale a pena passar para os arquitetos/engenheiros que cuidarão de nossas obras.

No mesmo site há obras de referência sobre a permacultura. Basta digitar "permacultura" na janela de busca.

http://www.esnips. com/_t_/arquitet o

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Nomes bacanas

Está rolando sugestão do Guilherme para darmos nomes às ruas e quadras da Clareando. Deixe aqui sua sugestão...